quarta-feira, 26 de setembro de 2007


LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola. Teoria e Prática. Goiânia: Alternativa, 2004.


O Capítulo II do livro “Organização e Gestão da Escola. Teoria e Prática”, intitulado “Uma Escola Para Novos Tempos” de autoria de José Carlos Libâneo, aborda as transformações ocorridas na sociedade, a nível social, político, econômico, cultural e geográfico que influem na escola e no trabalho do professor.
Essas transformações se referem aos avanços tecnológicos, à globalização, à grande quantidade de informação disponível, às mudanças nos processos de produção e organização do trabalho, o novo papel do Estado, mudanças nos campos da ciência e do conhecimento e o agravamento da exclusão social.
A intenção do autor em seu texto é discutir as transformações que influenciam diretamente a escola e o trabalho docente.
A princípio traça o perfil do cenário econômico atual, abordando as transformações nas formas de produção baseadas nas novas tecnologias e no capitalismo financeiro. Neste contexto, têm-se as empresas que possuem o poder absoluto e um Estado Neoliberal que cada vez mais diminui o seu papel de interventor. Como, conseqüência, as pessoas são estimuladas a se preparar para competir e se manterem no mercado de trabalho, conseguindo assim gerar seus meios de vida.
Essas empresas, considerando os avanços tecnológicos, exigem profissionais qualificados com mais conhecimento e cultura, em razão das modificações na organização do trabalho.
Além das transformações no ambiente de trabalho, Libâneo cita a grande quantidade de informação disponível, em virtude dos avanços nos meios de comunicação, a diminuição da crença na ação pública na solução dos problemas da sociedade, a falta de ética entre as pessoas e o aumento da exclusão social.
Essas transformações no entendimento do autor exigem um novo tipo de escola que não se preocupe em formar alunos para o trabalho, mas que ofereça uma educação que provê formação cultural e científica, ou seja, aquela provida pela ciência, pela técnica, pela linguagem, pela estética, pela ética. Uma escola de qualidade que luta contra a exclusão econômica, política, cultural e pedagógica.
Que seja voltada para a formação de indivíduos críticos, autônomos e reflexivos. Que estes ao entrarem em contato com a informação saibam ler, interpretar e trazer para o próprio contexto e assim ser capaz de intervir.
Segundo Libâneo é necessário haver uma síntese entre o conhecimento formal e a cultura experienciada, a partir do desenvolvimento de capacidades cognitivas, operativas e sociais dos alunos.
O autor acredita que com isso é possível ampliar os objetivos da escola, possibilitando igualdade de oportunidade em geral e entre homens e mulheres; a conscientização com as questões ambientais; e uma educação intercultural que compreende o acolhimento da diversidade humana na sociedade.

Conclusão

Por todo o exposto é possível concluir que a sociedade atual passa por um grande processo de transformação em virtude dos avanços tecnológicos, sendo mais significativo nos meios de comunicação. Isso influencia todas as suas áreas, principalmente a econômica, mudando a forma de produção e organização do trabalho. Com isso, as pessoas são obrigadas a se adaptarem ao novo cenário, encontrando muitas dificuldades em virtude de sua formação, o que faz com que um contingente seja excluído.
Neste contexto, a escola não pode ficar alheia a essas transformações e sim reconhecê-las e se voltar a formação de indivíduos críticos e reflexivos, capazes de interpretarem a informação que chega e a partir daí intervir em seu meio.
O que se espera é uma educação em sintonia com a realidade e disposta a prover formação geral básica que inclui capacidade de ler, escrever, formação científica, estética e ética, desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas. E, acima, de tudo, reconhecer que não mais detém o monopólio do saber. O professor, por sua vez, deve se conscientizar que a sua função não se limita mais a apenas transmitir o conhecimento do livro didático, e sim preparar os alunos para interpretarem toda a informação que circula nos meios de comunicação, a fim de introduzir os significados da cultura e da ciência.
Em virtude de todas as transformações ocorridas na sociedade não é mais viável uma educação voltada somente a formar indivíduos para o trabalho. Ela deve compreender valores éticos, morais e culturais, abordando questões atuais como a educação ambiental e intercultural.